Setor teve o segundo melhor mês de sempre, com quase 1.700 milhões em exportações só no mês de maio. Ao Observador, AIMMAP diz que crescimento vai continuar mas na reta final do ano poderá abrandar.
O setor metalúrgico e metalomecânico exportou quase 1.700 milhões de euros só no último mês de maio, o segundo melhor mês de sempre (só superado por novembro de 2017) e um crescimento de 14,9% face ao período homólogo. Contabilizando os primeiros cinco meses do ano, até maio, as exportações do setor aumentaram quase 17%, segundo informação da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP).
Em declarações ao Observador, o vice-presidente da AIMMAP, Rafael Campos Pereira, antecipa que o ritmo de crescimento deverá manter-se nos próximos meses, mas reconhece que o setor está “relativamente receoso” porque, à medida que nos aproximamos do final do ano, há riscos – como a subida das taxas de juro e as negociações do Brexit – que podem trazer alguma incerteza. O que não parece estar a ter impacto, para já, são as taxas aduaneiras que o presidente norte-americano, Donald Trump, aplicou ao aço e ao alumínio.
“Este foi o vigésimo primeiro mês consecutivo em que as exportações do setor suplantaram os mil milhões de euros e o décimo terceiro mês seguido de crescimento face ao mês homólogo do ano anterior”, sublinha a associação. Por muito pouco — quatro milhões — não foi superado o recorde atingido em novembro de 2017.
“Estamos a verificar um crescimento acima do esperado das exportações do sector metalúrgico e que superam mesmo as outras indústrias em Portugal. 2017 foi o melhor ano sempre para a nossa indústria, mas 2018 está a superar mesmo as expectativas mais otimistas. Isto só é possível porque a marca Metal Portugal é hoje um selo de garantia de inovação e qualidade. As empresas começam a colher resultados da reputação e notoriedade que vão ganhando nos mercados externos”, referiu Rafael Campos Pereira, vice-presidente da AIMMAP.
Exportações para o resto da UE dominam. Brasil e Angola menos
O crescimento das exportações deve-se, sobretudo, ao bom desempenho dos mercados europeus. No total destes cinco meses verificou-se um crescimento de 23,9% face ao ano anterior, de 6.741 para 7.883 milhões de euros. O principal mercado é a França, um país para onde as exportações subiram de 1.013 milhões para 1.224 milhões de euros (um aumento de 20,8%). Alemanha e Espanha registaram com crescimentos homólogos, respetivamente, de 16,1% e 14,5%.
“A indústria portuguesa fez uma série de investimentos, em tecnologia, em equipamento, na abordagem a novos mercados. O crescimento nestes primeiros cinco meses [de 2018] são o resultado de uma política continuada de internacionalização, presença massiva em feiras de referência, e isto está a refletir-se no aumento das encomendas.”
Para o Reino Unido, o negócio continua a crescer (4,1%) mas é de lá que poderá vir um elevado grau de incerteza, sobretudo nos últimos meses do ano, que está a colocar o setor de pé atrás. “A partir de outubro ou novembro, com o previsível aumento das taxas de juro e as negociações do Brexit, estamos relativamente receosos”, diz Rafael Campos Pereira, acrescentando que “a negociação do Brexit vai ser um momento crucial — não é apenas uma negociação bilateral, é um sinal de como a Europa se une para lidar com uma questão como esta. E uma negociação menos bem conseguida terá impacto não só no mercado do Reino Unido mas em muitos outros”.
A partir do contacto com os associados da AIMMAP, Rafael Campos Pereira considera, por outro lado, que as taxas aduaneiras aplicadas nos EUA sobre as importações de aço e alumínio não estão a ter impacto. “Esta atitude de guerrilha do Trump não interessa a ninguém mas, aparentemente, ontem, com o encontro com Jean-Claude Juncker já foi dito que se iria rever a questão das tarifas”.
O setor, para já, “não pode dizer que o que Trump está a fazer já está a ter impacto. Não podemos dizer isso, é muito cedo. Mas o que dizemos sempre é que este tipo de tensão comercial não interessa a ninguém e vai ter consequências. Não conseguimos dizer ainda se serão muitas ou poucas mas, para já, não está a ter impacto”.
FONTE: observador.pt